quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal

       Mais que a palavra é com certeza a profusão de sentimentos que nesta altura do ano, pelo Mundo se faz sentir. Será que se faz mesmo?
Agarrando na velha frase de que Natal é sempre que um Homem quiser, expande-se no meu cérebro um sentimento de revolta, porque há muitos Homens que continuam a não querer que o  Natal exista. Não existe nas lágrimas das mães que vêm os seus filhos morrer de fome. Não existe no sentir das mães que vêm seus filhos morrer de sida e tuberculose, as quais também, tantas vezes, acabam por morrer pelo infortúnio de viverem sob a assrgância de deuses menores, que enchem os seus bolsos de míseros tesouros de ganância, despojada de valores humanos. Não existe nas lágrimas das crianças sem pais, devastados pelas guerras dos tais deuses farsantes. Não existem nas dores dos que voltam dessas guerras ordenadas por rostos tão destapados, intitulados senhores do Mundo, e a quem muitos veneram  aplaudindo e quase querendo ser como eles. Não existem nos rostos dos toxicodependentes, tão escurraçados por tantos de nós, que deveriamos questionarmo-nos sobre o porquê de tudo isso. Onde está o Natal dos que vivem nas ruas alimentando-se do caixote do lixo? Onde está o Natal dos que estão sem emprego? Quem somos nós afinal para nos sentirmos tão felizes, quando à nossa  volta tudo gira na roda do faz de conta?
       Natal para mim é acima de tudo uma época de pensamento sobre a trapalhada que é este Mundo com valores distorcidos, os quais se sobrepõem à vida neste planeta, onde quem o comanda se sobrepõe a Deus, abolindo-O, e abolindo as regras de uma humanidade que deveria existir sem que houvessem na mesma monstros de vaidade, nascidos e crescidos na vergonha de ganharem medalhas por serem donos e  decisores da vidas humanas.
       Sim, eu amaria o Natal se me sentisse feliz esquecendo a infelicidade deste Mundo decadente. Apesar disso, desejo a todos um bom Natal

                      Maria Sales

Sem comentários: